01/09/2008

JEAN-JACQUES ANNAUD

O cineasta frances, Jean-Jacques Annaud, formou-se em literatura na Sorbone e como a maioria dos diretores franceses, estudou cinema no IDHEC (Institut de Hautes Estudes Cinematographiques), em Paris, a mesma escola por onde passaram Louis Malle, Alain Resnais e muitos outros famosos cineastas da França.

Já naquela época, demonstrava traços de sua personalidade inconformista, desafiante. Costumava dizer que, para competir com a televisão, o cinema tinha que ser espetacular. Mas foi na televisão que ele iniciou sua carreira. No final dos anos 60 e início dos 70, dirigiu diversos comerciais para TV.
Depois de anos na publicidade, em 1976, Annaud escreveu e dirigiu seu primeiro longa-metragem para o cinema. Preto e Branco em Cores (La Victoire en Chantant / Black and White in Color, 1976), fracassou comercialmente, mas venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro naquele ano.

Agora, François precisa provar sua inocência a tempo de participar da grande final do campeonato.
O filme teve boa repercussão na Europa, principalmente após Jean Bouise vencer o César de ator co-adjuvante, mas não teve sucesso nas bilheterias.

As filmagens em locações na França, Escócia, Islandia, Quênia e Canadá, geraram imagens impressionantes, proporcionando uma ambientação realista à jornada dos três membros de uma tribo em busca da chama preciosa, perdida durante uma batalha com uma tribo rival.

A comunicação dos personagens se dá através de uma linguagem especialmente criada pelos escritores Anthony Burgess e Desmond Morris. Mesmo com diálogos ininteligíveis, é difícil não se deixar envolver por esta história que explora as necessidades básicas do homem.

Em sua odisséia, o grupo entra em contato com outras culturas, adquirindo conhecimentos. As cenas de importantes momentos evolutivos são muito bem contruídas, utilizando apenas expressão corporal e música para demonstrar o espanto diante de uma descoberta fantástica.


Adaptado a partir do bestseller de Umberto Eco, O Nome da Rosa (The Name of the Rose, 1986) é um thriller de suspense "medieval", passado no início do século XIV, durante a Inquisição da Igreja Católica. O enredo apóia-se numa livre reconstrução de fatos históricos da época, subliminarmente criticando temas como o poder da igreja, os movimentos heréticos, a oposição à mistificação e o enfraquecimento dos valores através da demagogia.

Esta "história de detetive", situa-se num sinistro mosteiro Beneditiano no norte da Itália, onde às vésperas de uma importante conferência teológica, ocorre um aparente suicídio de um monge envolvendo segredos do mosteiro.

Notório por sua análise dedutiva, William tenta elucidar o caso, mas durante a investigação, ocorrem outras mortes bizarras aumentando o mistério no mosteiro.Jean-Jacques Annaud sentia-se atraído pelo projeto. Sua enorme fascinação por igrejas medievais e um grande conhecimento de latin e grego, convenceram Umberto Eco que ele seria o diretor ideal para a adaptação.
Entusiasmado, Annaud passou quatro anos preparando o filme. Neste período, viajou pela América e Europa em busca das melhores locações e do elenco perfeito.

Em início de carreira, Slater foi escalado após destacar-se entre um grande número de jovens aspirantes ao papel. Na cena sem diálogos em que Adso é seduzido pela jovem camponesa, Annaud não explicou a Slater como a atriz Valentina Vargas agiria para atingir a autenticidade máxima na caracterização do noviço.
A construção dos grandiosos cenários do monastério foi um dos maiores desafios lojísticos da produção. Perfeccionista, Annaud fez questão de montá-los em sua locação original, no alto de uma colina nos arredores de Roma. Este complexo trabalho de engenharia, gerou o maior cenário já construído na Europa desde a produção de Cleópatra (1963).

O renomado cenógrafo Dante Ferretti, inspirou-se na obra Labirinto Tri-Dimensional (desenhada pelo artista Giovanni Battista Piranesi em 1720) para criar o ambiente sombrio da biblioteca do monastério, que esconde livros e manuscritos iluministas proibidos pela igreja.

A história se passa no final do século IXX e narra a saga de um filhote de urso órfão, lutando para sobreviver nas montanhas selvagens do extremo oeste do Canadá. Em sua jornada, o pequeno urso encontra a amizade e a proteção de um grande urso cinzento, ferido e perseguido por caçadores.

Inteiramente rodado em locações nas Dolomitas (cadeia montanhosa dos alpes italianos), esta fábula encantadora tem pouquíssimos diálogos, uma vez que seu elenco é emcabeçado por dois ursos e apoiado por três personagens co-adjuvantes (um deles vivido pelo frances, Tchéky Karyo, que viria a alcançar a fama internacional anos mais tarde). Mesmo assim, Annaud emociona com uma narrativa visual que deixa o espectador livre para interpretar a história.


Annaud visitou a cidade de Ho Chi Minh pela primeira vez em 1989 para conhecer melhor o ambiente da história, mas ficou muito desapontado com o situação precária do país. Sem a infra-estrutura necessária, Annaud descartou a locação e partiu em busca de opções na Malásia, Tailândia e Filipinas, países frequêntemente usados para ambientar histórias passadas no Vietnam.

Um ano depois, Annaud concluíu que nenhum outro país poderia representar com fidelidade o clima do romance. Assim, seu filme tornou-se a primeira produção rodada no Vietnam desde a reunificação do país em 1975. Contudo, este fato tornou as filmagens muito problemáticas.

O governo vietnamita se fez presente durante toda a produção, exigindo que o material fosse examinado e aprovado oficialmente antes das filmagens, que sempre eram fiscalizadas por um de seus representantes.

Todo conteúdo sexual do filme teve que ser rodado em Paris devido à oposição do governo, atrasando o cronograma da produção e elevando seu custo à casa dos US$ 30 milhões.

O Amante foi exibido pela primeira vez no próprio Vietnam, sendo muito aplaudido. Em seguida, foi lançado na Europa. Dona dos direitos da distribuição nos Estados Unidos, a MGM enfrentou sérias dificuldades junto à MPAA (Motion Picture Association of America), que classificou o filme como NC-17 (proibído para menores de 17 anos). Após o corte de 3 minutos do original, estúdio e diretor retornaram à MPAA e conseguiram a classificação R (restricted - desaconselhável para menores de 17 anos).


Em 1995, Jean-Jacques Annaud dirigiu Wings of Courage (Les Ailes du Courage), o primeiro drama de ficção rodado integralmente em formato IMAX-3D.O filme narra a história real do aviador Henri Guillaument (Craig Sheffer), pioneiro do correio aéreo que após sofrer um acidente nos Andes, é obrigado a atravessar a cordilheira a pé, caminhando por milhas de volta à civilização.

Escrita por Annaud e Alain Godard, esta produção Franco-Americana com 40 minutos de duração, custou US$ 20 milhões e foi rodada em locações no Canadá.

Wings of Courage é exibido apenas nas gigantescas salas de projeção do circuito IMAX, em 3D e som DTS 70 mm.

Sete Anos no Tibet (Sept Ans au Tibet - Seven Years in Tibet, 1997) foi baseado no livro homônimo do alpinista austríaco, Heinrich Harrer, sobre sua experiência no Tibet entre 1944 e 1951, cobrindo a Segunda Grande Guerra e a invasão do país pela China comunista.

A história acompanha a odisséia dos alpineses austríacos, Heinrich Harrer (Brad Pitt) e Peter Aufschnaiter (David Thewlis) a partir de 1939, quando são aprisionados pelas autoridades britânicas (agora em guerra com a Alemanha) durante uma escalada no norte da Índia.

Cinco anos depois, Heinrich e Peter conseguem escapar da prisão encarando um duro teste de resistência cruzando o inóspito território do Himalaia, até a fronteira do Tibet.

Em território tibetano, a dupla conquista a hospitalidade do povo, tornando-se os primeiros estrangeiros a serem recebidos na Cidade Sagrada de Lhasa, onde conhecem Pema Lhaki (Lhakpa Tsamchoe), uma habilidosa alfaiate que presenteia os estrangeiros com trajes elegantes.

Os anos passam, Peter e Pema Lhaki se apaixonam, a amizade do Dalai Lama fortalece Heinrich espiritualmente e a China comunista ameaça invadir o Tibet.
Sete Anos no Tibet não agradou a crítica e ainda teve que disputar a audiência com Kundun, de Martin Scorsese, lançado dois meses depois também abordando a história do Tibet e a vida do Dalai Lama.

Diferente de Kundun, o filme de Annaud tinha um grande astro em seu elenco. A pesar das críticas negativas sobre sua atuação, a presença de Brad Pitt impulsionou a carreira internacional do filme.

A maior parte das filmagens ocorreram na Argentina, mas após o lançamento, Annaud declarou que, em sigilo, duas equipes captaram imagens no Tibet que foram inseridas na versão final, causando a fúria do governo chines.

Como resultado, Jean-Jacques Annaud, Brad Pitt e David Thewlis (e também Scorsese) permanecem até hoje, proibidos de entrar na China.

Círculo de Fogo (Stalingrad - Enemy at the Gates, 2001) teve como base o livro de William Craig, Enemy at the Gates: The Battle for Stalingrad (1973), sobre a Batalha de Stalingrado (1942 / 1943), mas a ação é focada em apenas um dos eventos mencionados no livro: um duelo travado por dois atiradores de elite em meio as ruínas da cidade.Para deter Vasily, os alemães convocam o major Erwin König (Ed Harris), seu mais condecorado atirador, e assim como Vasily, um símbolo de superioridade para o Terceiro Reich.

O elenco também conta com a participação de Rachel Weiz como Tania Chernova, o grande amor de Vasily, e Bob Hoskins como o general Nikita Khrushchev (líder do Partido Comunista Soviético entre 1953 e 1964).

Círculo de Fogo foi inteiramente rodado em locações na Alemanha. Annaud escolheu a cidade de Cottbus para rodar a dramática sequência da travessia do rio Volga, enquanto as impressionantes cenas da Batalha de Stalingrado e o duelo dos atiradores, foram filmados nos arredores de Berlin.

O estilo visual do filme segue a linha "documentário de guerra", criada por Steven Spielberg em O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998) e também adotada por Ridley Scott em Falcão Negro em Perigo (Black Hawk Down, 2001), compôsto por imagens realistas de violência gráfica, captadas através de tomadas manuais.

O filme foi bastante criticado (tanto na Rússia como no ocidente) pelas liberdades tomadas no relato de fatos históricos. Tanto o enredo como os personagens, diferem bastante dos registros oficiais. Historiadores afirmam que Vasily realmente existiu, mas a história de seu duelo com o major König seria ficcional.


Mais uma vez, Annaud optou por uma história produzida nos mesmos moldes de O Urso (16 anos antes), filmando em longínquas locações na Tailândia e Cambódia, onde trabalhou com mais de 30 tigres de zooloógicos da região, ou ainda, enviados da França. As filmagens excederam o prazo e o orçamento da produção chegou a 60 milhões de Euros.

A pesar de sua originalidade, Sa Majesté Minor foi muito mal recebido pela crítica e totalmente ignorado pelo público. Principalmente, o frances.