01/09/2008

JOEL & ETHAN COEN

Por mais de vinte anos, Joel e Ethan Coen - conhecidos profissionalmente como "Os Irmãos Coen” - mantém uma sólida parceria, escrevendo, produzindo e dirigindo vários sucessos. Sua vasta e premiada filmografia aborda diferentes gêneros com naturalidade e originalidade.

Irmãos e parceiros, fazem tudo juntos, mas nos créditos, Joel é o responsável pela direção, Ethan pela produção, e ambos trabalham como roteiristas em projetos originais ou adaptados. Sua sintonia é extrema. A dupla compartilha visões similares sobre como narrar uma história.

Gosto de Sangue foi recebido com entusiasmo pela crítica que destacou sua trilha-sonora, a atuação de M. Emmet Walsh, e a fotografia virtuosa de Barry Sonnenfeld.
Arizona Nunca Mais (Raising Arizona, 1987) foi estrelado por Nicolas Cage e Holly Hunter, como um casal que não consegue ter filhos nem adotar uma criança e resolve roubar um dos bebês de Nathan Arizona, um rico empresário que teve 5 gêmeos, chamados de "Arizona Quints".


O filme se apresenta no estilo "noir", fazendo referência aos clássicos do gênero e à obra do escritor Dashiell Hammett. Seus livros, Red Harvest (1929) e The Glass Key (1942), inspiraram a caracterização dos personagens e o estilo mordaz dos diálogos.

O Ajuste de Contas foi aclamado pela crítica, mas fracassou nas bilheterias, rendendo apenas US$ 5 milhões enquanto seu custo foi de US$ 14 milhões.

O trabalho do autor no processo da concepção de uma história e a cultura do entretenimento num contraste entre os filmes de Hollywood e os palcos da Broadway, são dois aspectos de Barton Fink - Delírios de Hollywood (Barton Fink, 1991), deixando clara a distância entre o elitismo intelectual e a mediocridade.

Curiosamente, o roteiro do filme foi escrito pelos Coen em meio a um período em que os mesmos passavam por um bloqueio de escritor, enquanto filmavam O Ajuste Final.

Aclamado pela crítica e vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1992 (também premiando a direção e a atuação de John Turturro), Barton Fink teve ótima repercussão, mas fracassou nas bilheterias.

O roteiro teve a colaboração do diretor Sam Raimi (hoje, famoso pela série Homem-Aranha) e conta a história de Norville Barnes que, recém-saído da faculdade, é catapultado à presidência de uma mega-empresa por seus acionistas que, com isso, esperam desvalorizar as ações para se apoderarem da empresa. Mas numa reviravolta, Norville inventa o Hula-Hoop (bambolê), que faz um enorme sucesso, valorizando as ações.Apesar de contar com uma produção apurada, elenco estelar, excelente fotografia, e o talento da dupla, Na Roda da Fortuna foi um enorme fracasso comercial em seu lançamento, lucrando apenas US$ 3 milhões enquanto sua produção foi orçada em US$ 25 milhões.

Na cidade de Fargo, Minnesota (estado-natal dos Coens), o gerente de uma revendedora de automóveis em delicada situação financeira, elabora o seqüestro da própria esposa para extorquir dinheiro do rico sogro. Para isso, contrata dois violentos marginais que desencadeiam uma série de assassinatos investigados por uma chefe de polícia grávida.

Fargo foi um sucesso de crítica e bilheteria, com direção premiada no Festival de Cannes e vencedor dos Oscars de roteiro original e melhor atriz para Frances McDormand.

O Grande Lebowski (The Big Lebowski, 1998), é uma comédia-noir no estilo Coen, com personagens exóticos e uma trama repleta de reviravoltas.

O elenco também inclui o leque de atores/colaboradores dos Coens, como John Goodman, Steve Buscemi, John Turturro e Peter Stormare. Além desses, Julianne Moore e Philip Seymour-Hoffman, participam da produção.

Na Era da Depressão Americana, três prisioneiros de uma cadeia do Mississipi conseguem escapar. Perseguidos por um xerife cruel e misterioso, o trio embarca numa aventura em busca da liberdade e da volta ao lar. Numa encruzilhada, conhecem um músico de blues que supostamente, teria vendido a alma ao Diabo em troca de talento (lenda ligada ao lendário guitarrista do blues, Robert Johnson). Juntos, gravam uma música que torna-se um grande sucesso.

Segundo Joel Coen, o roteiro é fortemente influenciado pela obra de James M. Cain, escritor de Double Indemnity (Dupla Identidade) e The Postman Always Rings Twice (O Destino Bate à Sua Porta). Também há semelhanças com o romance existencialista de Albert Camus, O Estrangeiro.

A fotografia em preto-e-branco de Roger Deakins é bela, enquanto tradicional. Muitas cenas foram filmadas com a câmera ao nível do olho, sem filtros e com grande profundidade de foco.

O filme contém diversas referências a OVNIs, seja em sonhos, diálogos ou mesmo em ítens cenográficos, como um cinzeiro, pratos na mesa, ou um disco na vitrola.


Os Matadores de Velhinhas (The Ladykillers, 2004), é um remake da comédia inglesa de 1955, O Quinteto da Morte, com Alec Guiness no papel assumido por Tom Hanks.

A história gira em torno do Prof. G.H. Dorr, que reúne uma gangue para assaltar um cassino. Para isso, se alojam na casa de uma senhora para poderem cavar um túnel até lá. Porém, a velhinha descobre tudo e... deve ser eliminada.

Esse remake foi um caso atípico para os Coens, não permitindo muita liberdade criativa na adaptação de uma história já bastante conhecida.

No escaldante deserto do Texas, o solitário caçador Llewelyn Moss (Josh Brolin), encontra uma mala com dois milhões de dólares num local onde aconteceu uma chacina entre guangues de traficantes de drogas.Fãs declarados do escritor Cormac McCarthy, um mestre em tramas policiais, há muito tempo os irmãos planejavam levar seu universo às telas e escolheram Onde os Fracos Não Tem Vez (No Country For Old Men, 2007), um romance ideal para uma adaptação no estilo Coen.

O filme foi a consagração da dupla. Venceu quatro Oscars - filme, diretor, roteiro adaptado - todos recebidos pelos Coens - e ator co-adjuvante para Javier Barden.

Queime Depois de Ler (Burn After Reading, 2008), marca o regresso dos cineastas ao cinema satírico e ao humor negro.
No elenco, além dos parceiros George Clooney e Frances McDormand, também participam da produção, Brad Pitt, John Malkovich e Tilda Swinton.

Após demitir-se, um ex-agente da CIA, decide escrever as suas memórias repletas de segredos. Porém, durante seu divórcio, sua ex-mulher furta o único exemplar do manuscrito que acaba caindo nas mãos de dois funcionários inescrupulosos de uma academia que tencionam explorar sua descoberta, extorquindo os envolvidos.

Queime Depois de Ler atingiu a primeira posição nas bilheterias americanas em seu lançamento.

Considerado uma releitura da bíblica História de Jó, levada à era moderna da América dos anos 60, o filme aborda indiretamente - e de forma humorística - questões sérias sobre fé, família, desventura e morte.

Em 2010, os Coen embarcaram numa releitura audaciosa: uma nova versão de Bravura Indômita (True Grit), o clássico western filmado pela primeira vez em 1969, que deu a John Wayne seu único Oscar.

Mas o filme dos Coen não se limita a um remake, optando por uma maior fidelidade ao conto original de Charles Portis.

Aos 14 anos de idade, Mattie Ross (interpretada pela adolescente Hailee Steinfeld) teve o pai assassinado por Tom Chaney (Josh Brolin), um de seus empregados, que fugiu levando seus cavalos e duas peças de ouro. Mattie então decide contratar um Delegado Federal para vingar o pai, e escolhe Rooster Cogburn (Jeff Bridges, no papel interpretado por John Wayne anteriormente) por sua fama de pistoleiro impiedoso. Também no elenco, Matt Damon como o Texas Ranger LaBoeuf.


A apurada produção dos Coens (junto ao mega-produtor Scott Rudin e ainda Steven Spielberg), reuniu uma equipe renomada, com destaque para a música de Carter Burwell, a fotografia de Roger Deakins e os figurinos de Mary Zophres.

A aposta de Joel e Ethan Coen em revisitar um clássico americano deu certo. Bravura Indômita foi muito bem recebido pelo público e crítica. Orçado em US$ 38 milhões, faturou mais de US$ 200 milhões. Recebeu 10 indicações ao Oscar, mas não foi premiado.

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