01/09/2008

ALAN PARKER

Em quase 40 anos de carreira, o cineasta britânico, Sir Alan William Parker, alternou a produção de seus filmes entre a indústria do cinema inglês e Hollywood.

Sua obra é repleta de sucessos de crítica e público (com algumas excessões), incluindo temas controversos e contemporâneos em suas épocas.

Além do título de cavaleiro concedido em 2002, Alan Parker é membro e fundador do Director's Guild of Great Britain.

Ao associar-se com o produtor David Puttnam, Parker deu início à sua carreira no cinema. Seu estilo visual é claramente influênciado pela estética publicitária, harmoniosamente aliado com a música, característica marcante em seus filmes.
O filme teve uma tímida performance comercial, mas recebeu diversas indicações ao Oscar, Globo de Ouro, e à Palma de Ouro do Festival de Cannes.

Em 1970, na Turquia, o estudante americano Billy Hayes tenta deixar o país levando alguns pacotes de haxixe presos debaixo da roupa. Devido às ações terroristas em aviões, a rígida segurança do aeroporto acaba descobrindo seu plano. Billy é preso por contrabando de drogas, e nos cinco anos seguintes, vive um violento choque cultural numa degradante penitenciária turca.
Em 1975, Billy consegue fugir e cruza a fronteira para a Grécia. De volta à América, escreve O Expresso da Meia-Noite (gíria usada pelos prisioneiros para "fuga"), um relato de suas experiências no cárcere turco. Adaptado por Oliver Stone, seu livro causou impacto nos cinemas.


A pesar da controvérsia, o filme não perdeu sua força, sendo amplamente aclamado. Brad Davis (Billy) e John Hurt (Max) tiveram suas carreiras impulsionadas por suas performances. A trilha-sonora composta por Giorgio Moroder fez muito sucesso e foi premiada com Oscar e Globo de Ouro, assim como o roteiro adaptado de Oliver Stone que, ao visitar a Turquia em 2004, fez um pedido oficial de desculpa pelo modo como descreveu os turcos no filme.

Pontos-de-vista à parte, O Expresso da Meia-Noite repercurtiu sobre as relações diplomáticas entre Estados Unidos e Turquia. A polêmica gerada pelo livro e pelo filme, levou o governo americano a priorizar a extradição de prisioneiros americanos das penitenciárias turcas.

O filme narra a história de um grupo de jovens aspirantes ao estrelato nas áreas de artes-cênicas, dança e música desde a seleção até o fim dos quatro anos de curso na New York High School of Performing Arts.

Composta por Michael Gore, a premiada trilha-sonora do filme chegou ao primeiro lugar nas paradas musicais, lançando a carreira da cantora e atriz Irene Cara, intérprete da canção-título, "Fame" (Oscar e Globo de Ouro de melhor canção), ouvida na memorável sequência em que os estudantes dominam a rua dançando.


A boa performance do elenco e a direção consistente de Parker agradaram a crítica, mas comercialmente, o filme teve um tímido retorno.

Roteirizada pelo próprio Waters e estrelada por Bob Geldof (líder da banda Boomtown Rats), a delirante ópera-rock, Pink Floyd - The Wall (1982), gira em torno de um astro do rock que, trancado num quarto de hotel em profunda depressão, relembra traumáticas passagens de sua vida até finalmente entrar em colapso.

Rico em metáforas, Pink Floyd - The Wall é narrado através das canções do disco, visualmente apoiadas por imagens repletas de simbolismo, e bizarras sequências de animação criadas pelo ilustrador Gerald Scarfe.


Baseado no romance homônimo de 1956 de William Wharton, Asas da Liberdade (Birdy, 1984) é uma emocionante história sobre a amizade entre dois jovens muito diferentes, mas que dividem os mesmos dramas nos subúrbios novaiorquinos.


O terror-noir, Coração Satânico (Angel Heart, 1987), é um exercício de suspense sobrenatural complexo, muito bem conduzido por Parker.

As cenas envolvendo os dois protagonistas foram um embate de egos. O conceituado Robert De Niro e o ator em ascenção, Mickey Rourke, não se deram bem contracenando. Muitas cenas foram feitas sem a presença de um deles.


Em 1964, no estado americano sulista do Mississippi, três jovens ativistas dos direitos civis - dois brancos e um negro - foram brutalmente assassinados por membros da Ku Klux Klan. O crime chamou a atenção do país pois (além de envolver dois rapazes brancos) aconteceu no auge do movimento anti-segregação racial apoiado pelo Presidente John F. Kennedy, assassinado um ano antes.

O tema dos direitos humanos atraiu Alan Parker. Assim, o diretor escolheu filmar uma versão deste fato em Mississippi em Chamas (Mississippi Burning, 1988).

Controvérsia à parte, Parker realiza um thriller de ação emocionante que agradou às platéias mundiais, venceu o Oscar de fotografia, e recebeu indicações para melhor filme, diretor, ator (Gene Hackman) e atriz co-adjuvante para Frances McDormand.


Com uma trilha composta de standards do soul como Mustang Sally, o filme teve grande sucesso nas bilheterias, beneficiando o elenco de cantores desconhecidos que, assim como a banda do filme, tiveram seus 15 minutos de fama.

Infelizmente, o filme fracassou nas bilheterias e não agradou à crítica. Sua natureza escatológica foi muito criticada, assim como a interpretação de Hopkins.

Em seu projeto seguinte, Parker investe numa versão para o famoso musical escrito por Tim Rice com música de Andrew Lloyd Webber, Evita (1996), sobre a vida da primeira-dama argentina, Eva Duarte de Perón.


Kevin Spacey interpreta um professor universitário condenado a morte em A Vida de David Gale (The Life of David Gale, 2003). Kate Winslet e Laura Linney também se destacam no elenco deste filme-manifesto que aborda um tema polêmico nos Estados Unidos: a pena de morte.

A história se passa na cidade de Austin, no estado do Texas (onde a controvérsia é maior, e as ações de grupos pró e contra a pena capital são extremas), assim, Parker decidiu que a produção seria filmada em locações texanas, para que a equipe e os atores sentissem o clima tenso que o tema provoca na população.