01/09/2008

MICHAEL MANN

Um dos cineastas americanos mais inovadores e respeitados da atualidade, Michael Thomas Mann possui uma linguagem visual característica, narrada quase em estilo documental. A maior parte de sua filmografia aborda o gênero policial, com personagens obssessivos e apurada trilha-sonora produzida e, às vezes, composta por ele mesmo. Também costuma operar a câmera. Em seus filmes mais recentes, optou pelo uso do formato digital.

Na Inglaterra dos anos 60, Mann formou-se em cinema na London Film School e passou os anos seguintes trabalhando em publicidade junto com futuros cineastas como Alan Parker, Ridley Scott e Adrian Lyne.


Mann tornou-se mundialmente conhecido nos anos 80, através da série Miami Vice, um sucesso da rede NBC com cinco temporadas. Muitos pensam que Mann foi o criador da série, mas na verdade, ele trabalhou como produtor executivo. No entanto, sua influência se fez presente no estilo narrativo de cada episódio.

Produzido por Jerry Bruckheimer, Ruas de Violência (Thief, 1981), foi o primeiro longa-metragem escrito e dirigido por Mann para o cinema, baseado no livro Home Invaders, de Frank Hohimer (pseudônimo de John Seybold, verdadeiro ladrão de jóias que realizava assaltos complexos).

Estrelado por James Caan, o filme não teve sucesso nas bilheterias, mas já dava mostras do estilo narrativo de Mann, destacando-se pelo modo como retratava ambientes urbanos obscuros e pela escolha original da trilha-sonora, neste caso, composta pelo grupo progressista, Tangerine Dream.

A pesar de fracasso comercial e de crítica, ao longo dos anos, A Fortaleza adiquiriu o status de cult-movie devido à seu clima de horror-gótico situado durante a Segunda Guerra Mundial, apoiado pela trilha-sonora eletrônica, composta mais uma vez, pelo Tangerine Dream.

Com fotografia linear e música New Age, o filme narra a caçada do FBI ao psicopata conhecido como "Tooh Fairy" (Fada do Dente), liderada pelo agente Will Graham (William Petersen - agora, mundialmente famoso pela série de TV, C.S.I.: Crime Scene Investigation). No passado, Graham tornou-se notório pela prisão do lendário psicopata, Dr. Hannibal Lecter - conhecido como "Hannibal, the cannibal".

Interpretado por Brian Cox - chamado de "Lecktor" no filme - o personagem tornou-se mundialmente famoso pela interpretação premiada de Anthony Hopkins, mas muitos ainda consideram Cox como o verdadeiro Dr. Lecter.


Em 1992, Mann lançou um remake de O Último dos Moicanos (The Last of the Mohicans), adaptado para o cinema pela primeira vez em 1936. Daniel Day-Lewis encabeçou o elenco desse épico-histórico passado na fronteira americana durante o conflito com franceses e índios em 1757.

Com primorosa fotografia (Dante Spinotti) e trilha-sonora (Randy Edelman, Trevor Jones e Daniel Lanois), o filme foi aclamado pela crítica, destacando-se como um excelente exemplar do cinema-aventura. Comercialmente, foi o primeiro sucesso de Michael Mann nas bilheterias.


Dez anos se passaram até o filme ser feito. Michael Mann escreveu o roteiro de Fogo Contra Fogo em 1985, baseando-se na verídica história de Chuck Adamson, um ex-policial de Chicago que, na década de 60, perseguiu um grande assaltante de bancos chamado McCauley (nome do personagem de Robert De Niro no filme).

Mann conseguiu reunir os talentosos Al Pacino e Robert De Niro, que contracenam pela primeira vez. Em 1974, ambos haviam participado de O Poderoso Chefão - Parte II, mas seus personagens viviam em épocas diferentes e não chegaram a dividir a mesma cena.

Os dois só voltariam a trabalhar juntos, treze anos depois, em As Duas Faces da Lei (Righteous Kill, 2008). Além de Pacino e De Niro, também participam do elenco, Val Kilmer, Jon Voight, Tom Sizemore, Ashley Judd, e Natalie Portman.

A veracidade das cenas dos assaltos elaboradas por Mann, foram citadas como modelo em uma série de roubos que seguiram o lançamento do filme, incluindo assaltos a carros-forte na África do Sul, Colômbia e Dinamarca, e um assalto a banco na Califórnia.

O Informante (The Insider, 1999), nasceu a partir de um artigo publicado na revista Vanity Fair, entitulado The Man Who Knew Too Much, e conta a história verídica da denúncia feita pelo programa de jornalismo da TV americana, 60 Minutes, sobre a indústria do tabaco, exposta por um de seus executivos, Jeffrey Wigand (Russell Crowe). Al Pacino trabalha mais uma vez com Mann, interpretando o produtor do programa, Lowell Bergman.

Produzido por um grande estúdio e com elenco estelar, O Informante gerou muita controvérsia - que por fim, ajudou a promover o filme e divulgar fatos sobre a indústria.

Após seu lançamento, a empresa Brown & Williamson publicou um anúncio de página inteira no Wall Street Journal desafiando o conteúdo do filme. Além disso, nos principais cinemas de oito grandes cidades, representantes da indústria do tabaco distribuíram folhetos com um número de telefone para esclarecer fatos sobre o assunto.


Em Ali (2001), Mann aborda a biografia do ícone do box mundial, Muhammad Ali (Will Smith) entre 1964 e 1974, incluindo sua conquista do título de pesos-pesados contra Sonny Liston, sua conversão ao Islâmismo, sua posição contra a Guerra do Vietnam, seu bânimento do esporte (e o retorno em 1971, quando enfrentou Joe Frazier), e por fim, a reconquista do título contra George Foreman no evento conhecido como Rumble in the Jungle, no Zaire, em 1974.

Paralelamente, o filme também mostra grandes movimentos político-sociais americanos que seguiram os assassinatos dos líderes negros, Malcom X e Martin Luther King, Jr.

Ali marcou o início das experiências de Mann com o formato digital e reforçou a fama de Will Smith como ator dramático com uma indicação ao Oscar pelo papel.


Colateral (Collateral, 2004), apresenta duas inovações: Pela primeira vez, Tom Cruise faz o papel do vilão, interpretando Vincent, um assassino profissional que obriga o taxista Max (Jamie Foxx) a conduzi-lo pelas ruas de Los Angeles enquanto elimina seus alvos.
Além disso, Colateral é o primeiro filme a utilizar a experimental Viper FilmStream High-Definition Camera. Todas as cenas exteriores foram rodadas digitalmente, buscando profundidade nos detalhes noturnos.

Mann utilizou a mesma técnica em sua versão para o cinema da série de TV que o tornou famoso nos anos 80, Miami Vice (2006), dessa vez, totalmente rodado no formato digital.

Escrito, produzido e dirigido por Mann, Miami Vice reúne todas as características da série ao moderno estilo policial de Mann, dessa vez, com Collin Farrell e Jamie Foxx como Crockett e Tubbs, a dupla de policiais infiltrada no sub-mundo do tráfico de drogas de Miami.


Inimigos Públicos é considerado como um dos filmes mais violentos de Michael Mann. A pesar disso, foi bem recebido pela crítica e pela audiência.

Entre outros filmes produzidos por Michael Mann, destacam-se O Reino (The Kingdom, 2007), um drama sobre terrorismo estrelado por Jamie Foxx, e a comédia Hancock (2008), onde Will Smith vive um super-herói aloprado. Ambos foram dirigidos por Peter Berg.