Antes de iniciar sua carreira de cineasta, Samuel Alexander (Sam) Mendes dedicou-se aos palcos londrinos por anos, dirigindo aclamadas produções teatrais. Foi duas vezes premiado com o Lawrence Olivier Award (1996 e 2003) e recebeu uma indicação ao Tony (Oscar do teatro) por sua direção do musical da Broadway, Cabaret, em 1998.
Mendes chamou a atenção do público e da crítica teatral pela primeira vez, com uma peça de Chekhov que fez sucesso no West End londrino. Tinha 25 anos na época. Logo juntou-se à Royal Shakespeare Company, destacando-se em produções como Ricardo III e A Tempestade. Também tornou-se membro do Royal National Theatre, firmando-se como um diretor consistente e original.
Em 1999, Sam Mendes iniciou sua carreira de cineasta com um enorme sucesso de crítica e público.
Beleza Americana (American Beauty) apresenta uma sátira da classe média americana na busca pela satisfação pessoal, abordando temas como o amor romântico e paternal, sexualidade, beleza, materialismo, liberdade, e redenção.
Produzido pela Dreamworks, o filme surpreende pela sutileza do roteiro de Alan Ball, pela plásticidade da fotografia de Conrad Hall (ambos premiados com Oscar), pela música de Thomas Newman, pelas atuações de Kevin Spacey (Oscar de melhor ator) e Annette Benning, e pela direção de Mendes, que só foi considerado para o trabalho após a desistência de 20 diretores.
Nesse drama passado durante a Grande Depressão Americana, Tom Hanks interpreta o gângster Mike Sullivan, um perigoso assassino da máfia liderada pelo chefão John Rooney (Paul Newman). Ao mesmo tempo, Mike é um homem de família, admirado pelo filho de onze anos que, certa noite, testemunha um assassinato brutal cometido pelo pai, e por isso, deve ser eliminado.
A direção de arte mostra extremo detalhismo, como as fotografias mórbidas do assassino Maguire. As fotos são verídicas, registrando crimes ocorridos na época.
Soldado Anônimo (Jarhead, 2005) foi baseado no bestseller de Anthony Swofford, um ex-fuzileiro americano que narra sua experiência de combate na Arábia Saudita durante a Guerra do Golfo de 1990.
Jake Gyllenhaal interpreta Swoft, um "jarhead" (apelido dos fuzileiros do deserto por sua cabeça raspada em formato de jarra e sem conteúdo) da operação Tempestade no Deserto, que visava libertar o Kuwait dominado pelo Iraque, e garantir o precioso petróleo da região.
No fim, Swoft - um atirador de elite - retorna para casa sem ter disparado um só tiro contra o inimigo.
Segundo Mendes, sua principal motivação para dirigir o projeto foi prestar uma homenagem ao seu filme favorito, Apocalypse Now (1979), o delirante épico sobre a Guerra do Vietnam dirigido por Francis Ford Coppola.
Esse aspecto se faz presente em duas cenas: na sessão de cinema onde o filme é exibido para as tropas que vão ao delírio durante a sequência do ataque dos helicópteros ao som de Cavalgada das Valquírias (ária de uma ópera de Wargner), e na recriação do bombardeio de Napalm, visto pelo reflexo no vidro da janela onde Swoft se posicionara.
Em Foi Apenas um Sonho (Revolutionary Road, 2008), Sam Mendes enfoca novamente a classe média americana, mas dessa vez, situando a história na década de 50.
Assim, Frank e April encontram-se numa encruzilhada e precisam decidir entre seus sonhos ou o conformismo.
No elenco, também se destacam Kathy Bates e Michael Shannon, premiado com Oscar de ator co-adjuvante por sua desconcertante interpretação de John Givings, um homem desequilibrado, recém-saído de um hospital psiquiátrico, tentando se reconectar com a sociedade.
Sam Mendes e Kate Winslet foram casados por sete anos e tiveram um filho, Joe Alfie Winslet Mendes. Sobre dirigir a esposa, ele declarou: "Assim que acordava, a primeira coisa que via era Kate, e a primeira coisa que ouvia era "Ótimo! Você acordou! Vamos discutir esta cena!"
A produção apresenta uma nova faceta de Mendes, distanciando-se radicalmente do clima denso característico de seu estilo narrativo, e demonstrando sua versatilidade.
A pesar de ser um cidadão britânico (agraciado pela rainha em 2000 como C.B.E. - Commander of the Order of the British Empire), o descendênte de portuguêses, Sam Mendes, é fascinado pela América. Sua filmografia é composta básicamente de temas americanos.
"Não acho incomum um estrangeiro fazer filmes típicamente americanos. O século vinte mostrou que esta é uma terra de épicos eventos, com histórias grandiosas que não atingiriam a mesma escala em outro lugar."